A ELEGÂNCIA DO POEMA
Ao amigo Dalton, que suscitou-me o poema.
Tece a própria camisa
À mãos discretas
De manusearem o tempo.
Às linhas a ir e vir...
Uma minuciosa agulha
Põe-no a cerzir palavras
Agoras em mangas
Que braços de mar
Vestem-lhe
E suas mãos
(de escrever paisagens)
À camisa
Ao peito aberto.
Ele precisa compor-se!
Discreto...
Põe-se a fechá-la
Botões de rosa às casas.
E aos leves puxões
Ajeita-se todo à roupa
À gola alinhada
Muito bem passada
Põe-se todo em belas palavras
E apresenta-se em poema.
O poeta está impecável.