TRANSPONDO TELAS DA IMAGINAÇÃO

TRANSPONDO TELAS DA IMAGINAÇÃO

Juliana S. Valis

Muito além da tela desse computador,

Existe alguém tão imperfeito quanto eu;

Alguém tão limitado, confuso e humano

Que sofreu seu desengano, e no tempo se perdeu...

Além das telas, sim, muito além das telas,

Lá ponto eletromagnético das esperanças,

Alguém viveu, sorriu e gravou imagens belas,

E tantas paisagens se foram nessas danças,

Tantas miragens já voaram, tão singelas,

Que se tornaram labirinto humano de lembranças !

Hoje percebo tantas telas entre nós

Que as cores confusas de uma emoção infinita

Tornam-se amores no coração veloz,

Como resquícios de tudo que, um dia, grita...

Pois quantas telas existem entre as realidades

De todos nós, humanos, nessa vida incerta ?

Não quero mais telas digitais e suas vaidades,

Quero telas com as quais a alma nos desperta

Contra as penas, os vícios e as calamidades

De um mundo frio, na insensibilidade aberta !

E quando eu puder transpor todas essas telas

De TVs, de computadores, de máquinas e sensores,

Talvez eu possa ver o que há por trás das aquarelas

Pintadas pelos séculos, entre a humanidade e seus amores.