LETRAS DERRAMADAS
Textos poéticos de variadas emoções estão em partituras
e dançam suas letras derramadas em alguns pentagramas,
onde posso brincar de ser feliz montado no meu pônei,
galopando no carrossel das ilusões segurado pelos sonhos.
Estou nutrido dos devaneios com o sorriso largo e farto,
cultuando a serenidade apurada no curso da longa estrada.
Com os circuitos bem afinados e orquestrados em disparada
cavalgo e penetro nos temas repletos da semente de poemas.
Redobro o ânimo e rebobino os vôos lépidos rumo ao vento,
tendo as sílabas como belas fiéis namoradas e companheiras.
Suspiro e esparramo as palavras adocicadas, delicadas e ligeiras,
enquanto o caju se encharca num copo de vodka congelada
e os acentos saltitam faceiros, balançando o rabo pelo alfabeto.
Espio alegre a festa da despedida dos tremas e alguns fonemas
numa orgia sintática da galáctica estelar das mutantes vírgulas.
Nessa balada adoidada a poesia, tresloucada, fez aqui morada.
Passeia de pés descalços pela calçada ladrilhada e enluarada
e a moçada ensaia, numa roda de saias, uma prosa animada
onde os dedos atrevidos navegam pelas peles bronzeadas.
Nunca vi cenário com enredo tão belo, lúdico e psicodélico.
Estou como em estado de êxtase, sentindo o corpo em delírio
nesse festival de sentidos misturados a estes meus rabiscos,
Parece até uma convenção de hippies em defesa da erva canabis,
com declamações entusiastas e alvoroçadas, entoadas nas sacadas
onde algum Romeu romântico dedilha sua viola numa serenata
à sua amada Julieta que se deleita, apaixonada, ali debruçada.
Assim composta à trova o amor vingou e mostrou a sua força
aqui registrada neste doido tipificado diálogo poético gramatical.
Hildebrando Menezes