ABORTO.

Marcello ShytaraLira

Sampa 13/04/2005

Sou um espírito que vaga sozinho

Dono de uma mente deturpada

Ocupante d’um corpo deformado

Aterrorizado pelos fantasmas da lembrança

Nem sempre fui assim sem esperança

Caminhei por essa Terra desarmado

Com estilo de vida amante amatutada

E Ébrio bebia no gral rubro vinho

Ao conhecer “personas” e suas máscaras

Várias... talhadas em mármore carrara

Anegrejaram minh’alma diáfana

Tornei-me inquilino da noite um só cana

Muito além de Charles Darwin

Para manter-me aqui adaptado

Tive que rugir bem mais alto

Antes que minha carne consumissem

A vitória não foi minha

A luta se travou e eu tinha

Que palitar os dentes como hiena

Para comer na delicadessem Viena

Fome não se vence. Mata

Não nasci para santo

Portanto logo escolhi o canto

E com as duas mãos cravei a faca

O sangue jorrou: fim da inocência

De uma sabedoria que era para ser

Canonizada pela imaculada benevolência

Mas fizeram da selva um mal-querer

E hoje sem rosto

Olho para todos

E tudo que vejo:

Meu aborto...