CONDENADOS
Amigo.
Nós dois corremos perigo.
De morte.
De morte.
O mundo não nos acolhe.
Nosso ser se recolhe.
Se encolhe.
Lá no mais fundo.
Pensamos.
É tão grande o mundo.
É lindo, é infindo...
Ficamos sorrindo.
Pra aquilo que somos.
Sonhadores.
Voadores.
Aliviam nossas dores.
Já podemos voltar ao mundo dos vivos.
À realidade.
Ao que dizem que existe de verdade.
Amigo.
Somos condenados.
A ir e voltar.
A voar e assentar.
Somos como os pássaros do despenhadeiro.
Livres.
Soltos.
De repente nos vemos num viveiro.
Nossa alma no corpo encaixamos.
Voltamos.
Recomeçamos.
Aceitamos.
É nossa condição.