COISAS ANTIGAS.
Espreito coisas antigas
Com olhar de lanterna de pilhas:
Vejo bandeiras despenteadas
Sobre o gentil náufrago genovês,
Foto-cromo-sépia de tias peitudas,
Sombrinhas de renda tal qual alface
Roupa farfalhante de comédia bufa,
Vento adormecido em cortina cega,
Mantilhas,tornozelos,leques de cadiz
Penumbra prateada sobre o consolo.
Romance da princesa com ares de giz
Chapéu rosado como árvore sem raiz,
Beija-mão, pés aturdidos como insetos,
Vela oculta no anjinho bochechudo,
Carlitos despoja ao sol no calabouço
Vamos a veraneio em estilo paulatino
Candelabros fulgurando entre-dentes,
Brazinhas,suspiro água de rosas,
Penico encabula, bordado de miosótis.
Gata fugida e canário assustado
Tartarugas, bacias, ganso apavorado,
Sorvete azul, lágrimas no canto do pátio,
Questão de famflia-mil perdões,
É tão triste velhas perucas
De bocejo ruidoso,
Escarradeira resmungando poema gasto,
Todos a farejar noticias,
De vida alegre piano,
Que rumina cansado e aflito,
Velho engraçado com buraco no peito
Sótão, tapetes, cromos de batalha
E feito solteirão
Padecendo com rosto ritmado,
Mãos gorduchas inventam o telefone,
Armário valenciano,suspeita de fuga
Semitróle sacoleja intriga meticulosa,
Lareira penourada em sela galopante,
Anjos evoluidos, frouxos de palmadinhas
Gradis oe ferro, pastéis folhados á tarde
Com cheiro de sub-solo, frisados á luis xv,
E tudo aquilo que não chegou a ser dito
Ou que foi dito mas já esqueci
E agora já não enxergo bem o resto
A lanterna resolveu silenciar.
Indignas pilhas fabricam nos dias atuais.
(D’Eu)