COISAS ANTIGAS.

Espreito coisas antigas

Com olhar de lanterna de pilhas:

Vejo bandeiras despenteadas

Sobre o gentil náufrago genovês,

Foto-cromo-sépia de tias peitudas,

Sombrinhas de renda tal qual alface

Roupa farfalhante de comédia bufa,

Vento adormecido em cortina cega,

Mantilhas,tornozelos,leques de cadiz

Penumbra prateada sobre o consolo.

Romance da princesa com ares de giz

Chapéu rosado como árvore sem raiz,

Beija-mão, pés aturdidos como insetos,

Vela oculta no anjinho bochechudo,

Carlitos despoja ao sol no calabouço

Vamos a veraneio em estilo paulatino

Candelabros fulgurando entre-dentes,

Brazinhas,suspiro água de rosas,

Penico encabula, bordado de miosótis.

Gata fugida e canário assustado

Tartarugas, bacias, ganso apavorado,

Sorvete azul, lágrimas no canto do pátio,

Questão de famflia-mil perdões,

É tão triste velhas perucas

De bocejo ruidoso,

Escarradeira resmungando poema gasto,

Todos a farejar noticias,

De vida alegre piano,

Que rumina cansado e aflito,

Velho engraçado com buraco no peito

Sótão, tapetes, cromos de batalha

E feito solteirão

Padecendo com rosto ritmado,

Mãos gorduchas inventam o telefone,

Armário valenciano,suspeita de fuga

Semitróle sacoleja intriga meticulosa,

Lareira penourada em sela galopante,

Anjos evoluidos, frouxos de palmadinhas

Gradis oe ferro, pastéis folhados á tarde

Com cheiro de sub-solo, frisados á luis xv,

E tudo aquilo que não chegou a ser dito

Ou que foi dito mas já esqueci

E agora já não enxergo bem o resto

A lanterna resolveu silenciar.

Indignas pilhas fabricam nos dias atuais.

(D’Eu)

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 22/04/2005
Código do texto: T12595