Frag - men - tos

Se eu vivesse numa dimensão inexistente,

Beijaria meus próprios lábios

E quando tivesse você ao meu lado

Levaria à lua para lá te beijar

E espalharia estrelas na sua barriga

E depois lamberia tudo,

E para firmar nossa relação colocaria um anel de saturno

No seu dedo e supernovas explodiriam para comemorar a nossa união.

O surreal emergindo na superfície

O real é agora intangível

O nada é tudo – o incompleto me satisfaz

A alta classe bebe licores de soberba

A baixa classe bebe uma aguardente de injustiça

Os anarquistas explodem uma bomba de ódio

As vítimas respiram fumaças de corrupção

E o pronto-socorro lotado – querem inalar um pouco de Verdade.

Na dimensão inexistente

Dores de dente me dariam prazer

Bebida alcoólica não faria mal

E não haveria ciúme nem inveja.

Super-real – ultra-real

O real é sem graça e faz mal

Faz mal à alma e o coração

O real é poluído e corrompido

O real é ciumento e soberbo

O real é injusto e persuasivo.

E além de tudo isso,

Se eu ficasse sozinho

Nessa dimensão

Ainda poderia beijar meus lábios,

Loucura!

Blasfêmia!?

Assexual?Insexual?

Nada disso!

É simplesmente surreal.

19/03/06

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 19/03/2006
Reeditado em 20/03/2006
Código do texto: T125483
Classificação de conteúdo: seguro
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