Grãos de Areia
Depois que tanto caminhei
Pela quente areia movediça
Avistei uma nebulosa miragem
Almejei pela mesma imagem
A imagem me atormentava
Em um júbilo, gargalhava
Ria da minha face lívida
Meus pés compulsivamente cansados
Calejados, cortados, sangrados, ralados
Por uma razão de um tão simples fardo
Chegar até o destino então, calado
Perdi o sono, prendi o choro em meio ao sol
Abismei-me nas quentes areias, quebrei minha concha
Mas via que não era normal, meu casco de caracol
Que não haveria um fundo até afogar no submundo
A areia então me sugou, com minhas mãos tentei voltar
Como se fosse um grão de areia entre um bilhão
Desperdiçado por um medo, medo irônico, sarcástico
Uma grande armadilha da suposta areia, escuridão
Pensei que nunca chegaria lá caminhando...
Acreditei que não seguiria sozinho, portanto relutando
Mas a miragem virou realidade diante à minha mente
A realidade da qual eu fugia, fugia de cada semente
Que brotava da minha essência, de meu sexto sentido
Uma leprosa planta adoecida pela esperança e fé
Pensei no que havia sentido, do que a vida havia sido
Havia mentido, vendido e ferido o meu pedido.
O pedido de estar quebrado ao deserto
Com areias voando sobre o teto
De almas perdidas, o céu com almas falidas.
O teto de todas o universo, estrelas feridas.
Areias de soda cáustica, penetram meus olhos
Grãos de superação, pelo destino de emoção
Doce emoção, doce concha... aonde sinto-me assim....
Tão realizado por minha vida estar um deserto...
Mas uma certa miragem sempre irá me mover
Fazendo-me assim, ferir a minha concha e sofrer
Para procurar a felicidade, tão simples vontade
De mergulhar dentre essas tão tóxicas areias...
Voltam e vão a cada momento... Pela força do vento...