Fobia

Eis que

agora

um sopro qualquer de saber-se carne

é ausente.

Trafegas soluçante

em teu caminho de arquitetura gótica;

és um escândalo;

púbis desnudo

e língua sedenta.

Teus pés com asas,

tua ideologia de tijolo,

os vícios opulentos,

tua rebeldia,

o excremento sagrado e diário

não te consolam.

Tua unha,

o que vale tua unha agora?

E teus contatos influentes?

Tua menina...

Gritar? Correr?

Todas direções de ópio!

Arrancar os cabelos.

Fechar os olhos?

Os olhos, de que te servem

nesta paisagem tua e solitária; neste evento íntimo?

Tudo existe demais!

E criaturas gigantescas ofendem sismógrafos.

É a televisão?

Teus exércitos dentro de ti

são minúsculos insetos

a devorar-te (dentro para fora)

e ao teu sexo;

couraçados,

virulentos

deletam-te,

configuram novíssimos

edifícios:

pedras de axiomas;

marcham seu artesanato de suicídio,

dizem a reza antiga;

pelos eriçados...

Súbito, um acalanto (por desvio).

Te pões calmo

Saboreando a inútil saudade de quase sentir,

Enxergas face a face

És alheio a toda a fraude

E mundos sem forma passam por ti.

Dorme, pois,

que é manhã pra ti.

Harley Dolzane
Enviado por Harley Dolzane em 16/03/2006
Código do texto: T124242