PERPLEXIDADE


O dia amanheceu chuvoso e triste,
descendo do metrô da madrugada;
É úmida a friagem que persiste...
A triste solidão, filha do nada,
espia zombeteira, faz-me um chiste,

depois toma uma nuvem; some alada
e deixa-me estranheza, pois partiste.
Há tempos nos degraus da velha escada,
um ogro a me julgar, o dedo em riste

espanta-me: total perplexidade!
Eu fujo então em susto e o medo invade
a calma sem idade do meu mundo

e tudo sofre um revirar profundo.
É realidade, o meu mundo é agora

e não vou anular-me tempo afora...