QUEM SOU

QUEM SOU
Jorge Linhaça

Eu sou um pouco de tudo
um pouco menos que nada
Sou poeta e não sou mudo
passageiro na estrada

Sou a força que enfraquece,
a palidez da energia;
Sou a lua que te aquece
e o sol que te esfria

Sou o gelo em fervedura
e o vapor enregelado
Sou o medo da bravura
a coragem do assustado

Sou estrada para o nada;
o vórtice dos caminhos
Sou a noite ensolarada
na avidez dos teus carinhos

Sou eterno enquanto dura
o efêmero infinito
Sou o mal que tudo cura
sou o bem que traz conflito

Sou a força dos meus versos
na pobreza destas rimas
Andarilho do universo
na mudança dos meus climas

Sou apenas um poeta!
(Nada sou que tu não sejas)
a errar nas horas certas
e a acertar nas sutilezas

Sou o canto que te encanta;
sou a dor que te rechaça.
Não sou gênio nem sou anta:
Sou só o Jorge Linhaça.

Arandú,15 outubro de 2008