Pesadelo torna-se sonho...
Quando cai a noite, em profundo escuro,
De mansinho chegou o silêncio absoluto.
Solidão ao frio, com o gotejar de orvalho.
Pesadelo absorvido... Busca do caso ao acaso.
Embarquei no mundo das gélidas águas,
Em nau majestosa, de negras e altas velas;
Na tormenta da vida, deixe-me levar...
Traçado nulo e sem rumo... Naveguei, naufraguei!
Um turbilhão envolveu-me, na fria e triste emoção.
Minh´alma é absorvida por intrépido e voraz redemoinho.
Engolida e prostrada, tento libertar-me, mas ao fundo chego.
Afogo-me indo à direção do real e mortal sentimento.
Mistério de agonizado e vilão sofrimento de um machucado coração,
Surge das profundezas, como sonho, absorvendo-me da algoz tristeza.
Envolve-se em meu desespero, retirando-me com astúcia e delicadeza.
Ergue-me com um beijo atrevido, lançando-nos junto, sobre as ondas.
No embalo das águas que se acalmam, o sol desponta e brilha.
Os primeiros raios aquecem a pele... Enrubesce, acaricia e abrasa.
Leva-nos com suavidade até a bela e clara orla, de areia fina.
Pesadelo dissipa... Enaltece o sonho, que traz o amor à tona e ama.