Delírio de Poeta
Vai bruxa dos medos meus
Abandona essa carcaça vadia e morta
Que me deixa sem coragem da noite
Onde como açoite ladra um cão
Amedrontado meu coração palpitante
Com mais de cem batimentos avante
Arrepia os sentimentos de minh'alma, fria e nervosa
Que de tão rancorosa sofre na escuridão
* * *
Toca vento uivante e sestroso
Quer acalmar este parco pranto
Que nem semblante de infante
Na ponta da mira inimiga no fronte
Escasseia o alento de ontem
Que parte deste pobre ignorante
espreitando um susto ruidoso, choroso
Duma mãe que fica aflita em casa
* * *
Empurra vigoroso penhasco final
Este mendigo das noites frias
Passando de ponte em ponte
Comendo na mão de feirante
Mata este pedinte sem compaixão
Não merece ter outro fim não
Nem merece ser enterrado ao caixão
Tem coragem, deixa pros abutres no chão