Desinteressante (incrédula)

Como algo inutilizável,

Estou a me designar.

Sem lamúrias, nem compaixão.

Desinteressante serei.

Preciso do manual de como sobreviver.

Aprende-se a viver ou se vive aleatoriamente?

“Piloto automático”,

Fazendo do existir uma seqüência de acasos.

Acertar os passos,

Compassos freados bruscamente.

Andarilha perdida.

Prisma insular.

Insisto em encontrar o recanto aconchego.

Ansiedade sanada, cabeça erguida.

Não tenho nada a te oferecer.

Melhor, ainda tenho sim.

Tenho a oferecer, que não tenho o que dizer.

Não dizer já é um oferecimento.

Calar melhor que competir.

Preciso de aulas de verbalização,

Na dúvida prefiro fazer silêncio.

Não sei a dose certa das palavras.

Quero constatar a métrica.

Fecho os olhos e empalideço o corpo.

Percepções desviadas, mãos trêmulas.

Ajeito a roupa para insinuar falsa boniteza.

Cabelos frisados, rubros.

Restam o quarto vazio, sentenças e o copo de vinho.

17/09/08

Giovana Segala
Enviado por Giovana Segala em 18/09/2008
Reeditado em 19/09/2008
Código do texto: T1184463