Desinteressante (incrédula)
Como algo inutilizável,
Estou a me designar.
Sem lamúrias, nem compaixão.
Desinteressante serei.
Preciso do manual de como sobreviver.
Aprende-se a viver ou se vive aleatoriamente?
“Piloto automático”,
Fazendo do existir uma seqüência de acasos.
Acertar os passos,
Compassos freados bruscamente.
Andarilha perdida.
Prisma insular.
Insisto em encontrar o recanto aconchego.
Ansiedade sanada, cabeça erguida.
Não tenho nada a te oferecer.
Melhor, ainda tenho sim.
Tenho a oferecer, que não tenho o que dizer.
Não dizer já é um oferecimento.
Calar melhor que competir.
Preciso de aulas de verbalização,
Na dúvida prefiro fazer silêncio.
Não sei a dose certa das palavras.
Quero constatar a métrica.
Fecho os olhos e empalideço o corpo.
Percepções desviadas, mãos trêmulas.
Ajeito a roupa para insinuar falsa boniteza.
Cabelos frisados, rubros.
Restam o quarto vazio, sentenças e o copo de vinho.
17/09/08