Fantasma
Como o vento leve da tarde, ele voa
Pela noite preso em silêncio, ele canta
E de cemitério em cemitério ele rasteja e deixa
sua marca invisível,
seu choro sem pranto.
Dentro dele correm as canções de ópera,
sombrias de um nascer do sol prateado
Ele sempre estará a vagar entre os vivos,
mesmo que seus olhos não possam ver a vida.
A vida? essa já se foi para um grande fantasma.
Incolor de matéria, indolor de amor,
e sua alma querendo as janelas da vida,
sonha em esquecer o passado.
Mas ele não pode viver.
Ele estará ali, sempre preso à noite
e ele não poderá nem dormir!
nem acordar, nem sonhar...
só voar, rastejar, passar, cantar...
feito um simples inseto que ninguém vê,
mas todos sentem sua presença.
E todos vêm as folhas de outono voar ao seu redor,
só porque ele passou,
só porque ele cantou,
só porque ele rasteja e deixa
a marca de um grande fantasma.