AMORtece II
O corpo inerte na manhã e segue
O idílio inebriado de tristeza
Ofuscara-se pra sempre e não prossegue
Aqui nesse reino não há realeza
O sopro da benfazeja energia
Que urgia dia após dia o desmedido amor
Agora descansa ao léu sem utopias
Um corpo inerte ganha ares de horror
Fétidos húmus e torpes verdades
Amansaram sua sanha para sempre
Nojos e salivas putrefatas de saudades
Amanhecem nesse corpo agora e sempre
Enterrem esse novo descomposto
Composto em uniformes e benignos dias
Agora é disforme o mal disposto
Agora sofrem muito em noites frias
Quimera de vida que foi morte
Tramada em soslaios de mentiras
Agora entra em cena nova sorte
Outro dia já nasce, pressentiras
Outro corpo cai inerte na manhã
Outra vida se esvai na dura lida
Outro ébrio despede-se do amanhã
Outra mulher descrê da tosca vida.