Consolo do Ogro
O muro abriu a porta e, calado,
Desceu pé ante pé os degraus da noite
Ouvia-se o choro da porta,
O riso da morta e o consolo do ogro
A noite se eternizava naqueles ruídos
Dissimulados, os olhos, fugidos
Do alto luziam em prece,
Parece, por quem merece
O vento, sem uivos, sem salvas
Sorrateiro e lento bateu a porta
Cessou-se o riso da morta
Apagou-se o lampiro dos olhos
Ascendeu-se o sol sob a noite
E o muro, ofegante, escondeu-se
De fato jamais voltou.