FALA O DIABO - VII

Noite longa e negra.

Com os pés postos na lama,

A criatura em sua mocidade sonha.

“Vamos embora daqui”, ela diz.

Mas as saídas pelo espelho foram trancadas.

A capacidade de ser livre,

O divagar na imensidão das fronteiras,

O despotismo da vida errante,

O encontrar-se só,

A aptidão de ser independente,

A embriaguês da amplidão,

A rude volúpia do perigo,

O orgulho da desgraça...

Tudo o que um dia foi considerado belo,

Aquilo que nalgum tempo foi tido como sublime,

O que outrora era importante,

Foi esquartejado e sepultado por minhas mãos.

A escuridão a abraça,

Toda vez que a jovem tenta se desvencilhar dela,

Sempre que quer mudar o caminho,

Seguir em direção contrária,

Ou toda vez que tenta sorrir.

Ela não pode fugir. No fim, somente eu lhe resto:

Imensurável, belo, dominador, incontestável...

Diabo
Enviado por Diabo em 11/09/2008
Código do texto: T1171992
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