FALA O DIABO - VII
Noite longa e negra.
Com os pés postos na lama,
A criatura em sua mocidade sonha.
“Vamos embora daqui”, ela diz.
Mas as saídas pelo espelho foram trancadas.
A capacidade de ser livre,
O divagar na imensidão das fronteiras,
O despotismo da vida errante,
O encontrar-se só,
A aptidão de ser independente,
A embriaguês da amplidão,
A rude volúpia do perigo,
O orgulho da desgraça...
Tudo o que um dia foi considerado belo,
Aquilo que nalgum tempo foi tido como sublime,
O que outrora era importante,
Foi esquartejado e sepultado por minhas mãos.
A escuridão a abraça,
Toda vez que a jovem tenta se desvencilhar dela,
Sempre que quer mudar o caminho,
Seguir em direção contrária,
Ou toda vez que tenta sorrir.
Ela não pode fugir. No fim, somente eu lhe resto:
Imensurável, belo, dominador, incontestável...