AO PRATO
Ao meu sobrinho Bruno
Um prato
Põe-se a mesa
À sanha do garfo
Aos cortes da faca
Mãos ágeis e seguras
Vão a recortá-lo
O poeta está faminto
Nacos de quandos
Levados à boca
Mastigados
Sabores em viagem
Ao céu de uma boca cheia
Cheia de poesia
Delícias a fartar-se
Farta-se...
O ponto final.
Restos
Guardanapos de papel
Quedam-se ao lado
Rascunhos
A boca agora limpa
Do fim do banquete
Um poeta feliz
Se vai.
Anotações de uma mesa ao lado.