UM HOMEM NA JANELA...

Da janela

a retina registra

o movimento das ruas

na impassível postura

do desatento observador

Da janela

vislumbra-se a figura

atenta, e a um só tempo

alheia, à vida que acontece além

Da janela

vê-se a rua e da rua vê-se o homem

debruçado no parapeito assiste a tudo

parecendo que nada vê

Da janela

como do convés de um navio

na altivez de um comandante

e na distância da indiferença

Da janela

nos baços olhos

vislumbra o horizonte

o homem absorto em devaneios...