Sob o Manto Silencioso I

Satisfeita,

após meia era

digerindo quilométrica esfera

de níquel feita,

a bolha de magma

dotada de vida

mergulha na crosta

de Gaia.

Retorna ao calor uterino,

buscando na saia

da mãe

o seio do sono

a fim de hibernar.

Mas o pavor,

feitor do destino,

a faz se assustar:

num instante,

de dois ou três anos,

percebe cruel predador

a lhe atacar.

Impiedoso glóbulo

de ácido gás,

que julga-se dono

das profundezas

do Manto,

se põe a devorá-la.

Satisfeito,

após absorvê-la

em parte ínfima,

parte feito

caçador entediado

buscando a próxima vítima.