Estradas

Enquanto caminho à beira do abismo

meu coração viaja pela noite

sonho acordado, janela aberta do surreal

caminhos que podem ser teus...

se quiseres...

Enquanto piso o chão firme

meus temporais se formam, nuvens se dispersam

confundem-se estreitas, convergentes,

decadentes artérias-estradas...

e me pergunto por onde andam esses passos

que não me encontram...

vivo à sombra dessa ausência...

Enquanto essa orquídea em flor não abraço

o tempo passa...

sol de verão me aquece,

folhas caem,

chuva me molha o corpo,

encharca a alma...

perfume me envolve, inebria...

acalma...

Enquanto tu,

brisa noturna que és,

brindo ao céu estrelado...

infinita estrada

que trago

nos olhos

e faço

em mim...