A CRIAÇÃO
No começo era poesia
Sem forma e vazia
Pairava sobre a face dos homens,
E a poesia fez-se verso
E o verso era poesia,
E do verso veio à rima,
Da rima a prosa,
Da prosa elegia,
Da elegia epitáfio,
E a poesia descansou
Nos tempos de hoje
Cansou de ser desprezada
De ser rimada
Com desprezo
De ser usada
Sem pejo.
Mandou seus profetas:
Os poetas
Que a humanidade assassinou,
Enviou o filho
Que foi crucificado
Vitima da estagnação
Da mente humana
E não ressuscitou...
Sem esperanças
Mandou escrito
No ultimo livro
Do ultimo poeta vivo,
O dia do julgamento está próximo
Vejam o mundo como está
Falava das produções bestiais
Que tocariam nas rádios
Dizia que faria sucesso
O que não tivesse sentido
E fizesse apologia
Para a obscenidade e ao crime...
A Industria leu
E o livro “se queimou”...