CÂNTICO MUDO
“Descubro a lembrança das vozes.
São lembranças da tarde, as livres e caseiras
Vozes tão remotas.
São vozes de conselho.
Pausas na minha dor.”
- Mando Aravandinou
Tempo possuído.
As personagens se desfocam.
Meu olhar é curvo, corvo,
modo genuíno de apreender
uma realidade dolorosa.
Graves personagens na doçura da tarde
saem dos espelhos.
Um arremesso patético de águas
sobre os olhos. Os cristais devassados,
infiltram-se em espectros de silêncios.
O verde me chega, mendigo.
Mumificadas flores sorriem na moldura exposta.
Silenciosamente submerjo,
a cabeça presa
entre as costumeiras brumas.
Tento, para me esquecer,
retificar o pensamento.
As vozes dentro dele
são o que me resta de sol.