QUANDO AS ÁGUAS BATEM NAS ROCHAS
Quando as águas batem nas rochas
Eu sinto teu rosto osculando as pedras
E o vento forte traz a brisa sorrateira das manhãs
Eu me calo, compungido pelo desejo hirto
Que sopra em meu rosto flagelado
E os teus pés caminham mansamente
Tomando-te à sina dos teus passos etéreos
Deitada sobre as areias, em meio aos vendavais
Inerte, perscrutas teus anseios...
Num sorriso de loucura, à margem dos litorais
E vem vagando em rumores de sereia
Beijando as pedras, palpitando corações
Oh! Ave menina, que de encanto tem em seu rosto
O brilho e o cetro de ouro do viver
Oh! Ave-sereia que refutas redoma tal
Que traz pra mim teu lindo corpo banhado de água e sal
Que se cala no moinho das verdades
Águia sentinela das manhãs...
Olvidando-me da brisa e da areia
Traz num bico o perfume das maçãs
Ah, moinho que em mistério pernoiteia
A chuva forte que se abraça às romãs
A tua águia qual um ser tão granadino
Despenteia teus cabelos de mulher
Pois a brisa bate forte nas janelas
No oscular que o rosto lindo de sereia
Vem me dar naquela veia da manhã
Por que as águas batem forte sobre as rochas
E teu rosto sorridente beija as pedras
Quando sente o eflúvio afoito das maçãs
Tal qual águias, quais condores num céu ártico
Despojando um olhar profundo aos jaçanãs????
Jairo Mellis