TURBILHÃO

Na fenda do monte

Na fonte fendida,

Na forma do lago,

Na água retida,

No cerco da ilha,

Na ponte perdida,

No lance do dardo,

Na queda suicida,

No ser delirante,

Na fúria contida,

No passo volante,

Na balsa retida,

No sopro inventado,

Na invenção medida,

Eu volto a dizer,

Frase repetida,

O amor é o ponto

Final da partida.

No canto que medra,

No pranto, no grito,

Na dor lancinante

Do ventre partido,

No feito desfeito,

No peito ferido

No sal do deserto,

No rumo perdido,

Agora mais perto

Notruno gemido,

No túmulo pobre,

Cadáver despido,

Arcanjo da guerra,

Tumulto temido,

Eu volto a dizer

E sempre repito:

A vida é um gesto

Terrível e aflito.

Será muito breve

Janeiro do ano,

Fagote do inferno,

Aviso e proclamo,

Os deuses em fúria,

Sopro desumano,

O choro, o grito,

Pungente lamúria,

Doendo na voz

Comendo a garganta,

Pensando o pensado

Mais o pensamento,

Girando, girando,

Total liberdade..

Na fala do homem,

Maldade, bondade.

Caminho da história

Se abre com a mão,

Da mãe para o filho,

Abraço do irmão.

Abraço do amigo

É ato envolvente,

A água mais fria

Na água mais quente,

Fazer harmonia

Da gente com a gente,

Fazer nostalgia,

Doença e doente,

Do sonho com a vida

Da vida com o anjo.

O Diabo no Céu

Um Deus no inferno,

Passado e presente

No tempo moderno.

Catalão-GO, 08.03.80

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 14/07/2008
Código do texto: T1079620
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.