A céu aberto
Quisera eu,
à luz dos enganos
herdar de ti a minha única herança: uma flor de lótus.
Pudera eu,
no místico silêncio
escrever um poema em sânscrito
no tabuleiro do meu ego em chamas
tingido de rosas.
Quisera eu,
nas noite negras
desenhar estrelas em teu corpo cálido.
Pudera eu,
trilhar o meu destino nas tuas asas invisíveis
e guardar a sete chaves as sinuosas impressões líricas do amor.
Quisera eu,
desabrochar como borboleta do casulo
nas horas insanas
e atravessar os desertos de tua alma
(profunda e louca)
em matizes de ternura.
Pudera eu!
Habitar-te...
Rastejar, devagar
nos espaços entreabertos
e nos labirintos secretos de tua carne
possuir-te inteiro
a céu aberto.