A céu aberto

Quisera eu,

à luz dos enganos

herdar de ti a minha única herança: uma flor de lótus.

Pudera eu,

no místico silêncio

escrever um poema em sânscrito

no tabuleiro do meu ego em chamas

tingido de rosas.

Quisera eu,

nas noite negras

desenhar estrelas em teu corpo cálido.

Pudera eu,

trilhar o meu destino nas tuas asas invisíveis

e guardar a sete chaves as sinuosas impressões líricas do amor.

Quisera eu,

desabrochar como borboleta do casulo

nas horas insanas

e atravessar os desertos de tua alma

(profunda e louca)

em matizes de ternura.

Pudera eu!

Habitar-te...

Rastejar, devagar

nos espaços entreabertos

e nos labirintos secretos de tua carne

possuir-te inteiro

a céu aberto.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 14/07/2008
Código do texto: T1079082
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