Perfil
Eu sou aquela que vem das marés altas, nas ondas e senóides do mar
Venho dos afluentes dos rios, dos éolos ruflos, do ar
Eu sou como pegadas na areia, quem me seguir não pode me alcançar
À noite visito os bosques, beijos as flores, o verde e o obscuro negrume dos estelares eclipses, nas asas da lua cheia, nas ruas do meu lar
As estrelas rutilam dardejantes à quietude dos olhares singelos, na ânsia de parir a alvorada, e dela se me apaixonar
Os pássaros cantam nos galhos dos arvoredos que exalam em volúpia o eflúvio álacre da fotossíntese do amor
Ah! Eu sou como a brisa noturna, que traga os corpos ao mar
Aspiro o hálito das rosas... Beije meus lábios, vamos dançar?
O arco-íris se esconde em meu sorriso, nas gotas de orvalho da chuva poderás me encontrar...
Deitei-me na campina verde, além das montanhas, e lá desenhei nuvenzinhas no céu
Em meu peito palpita o coração das matas, dos prados, das cachoeiras em plagas febris
Sou ardente como fogo, inflamada na liberdade das águias, bela como o pôr-do-sol
E, à tarde, encho de sangue os ebúrneos céus que te envolvem; com o Ocaso vou me encontrar
Sou o solstício da primavera, o calor do verão, teu fôlego, teu respirar...
Mas não me olhe quando chegar a noitinha, pois estarei vestida com os véus misteriosos da alma, pois sou brisa ferida de ânsias de amores...
E tenho sede de amar...