Hera das Eras:

Poemas de Léa Ferro..

..por heterônimo de Hera Ravenna!

1 - A vida brada pela vida:

Mergulhamos em nossa própria dor

Esquecemo-nos de olhar ao redor

Somos cúmplices da miséria gélida

Da dor contida nos olhos de crianças

Que não tem inocência, não tem sonhos

Não tem esperança, não tem um futuro.

Mergulhamos em nossa própria dor

Como se nada mais estivesse a passar

Mergulhamos e morremos afogados

Na nossa ignorância desatinada e cruel

Calamos, esquecemos, deixamos, ...

Calamos!

Por quê?

Se o silêncio grita desesperado aos nossos pés!

Por quê?

Hera - Abril de 2007.

2 - Em preto e branco:

Luz que atravessa matas

que confunde as crianças

que semeia nas águas

uma força sobrenatural

de encanto... Canto

quando caem folhas

e caminho

observando o céu

na ausência

e no bailar

da esperança!

Hera R. 03/04/2007.

3 - Ao pé do mar:

Ao pé do mar

Mora o amor

Amor das águas

Do canto alegre

Dos olhos vivos

Da força bela

Da bela flor.

Ao pé do mar

Mora a esperança

Mora o caminho

Mora o brilho

Mora o terno

Mora o amor.

Ao pé do mar

O teu amar

Amor sem fim

Ficou em mim!

Hera R. 08/04/2007

4 - Em verdades:

Minh'alma

canta

toda nua

pela rua

não chora

nem ri

Minh’alma

no vazio

de um rio

esquenta

e em tormenta

Minh’alma

pergunta:

_ onde andará Deus?

Será que na fé?

Será que no amor?

Será que no céu?

Será que na dor?

Onde andará...

onde andará...

toda a certeza,

que me deu?

Onde andará o sol?

Porque não sou ateu?

Onde andará a força?

Onde andarei, Eu?

Hera R. Aos 28 de Março de 2007. Além mar..

5 - Tu:

Tu...

Que em minha porta bateu

Numa tarde terna e fria

Num sorriso, convidou-me

E ao café contigo, eu fui

Lembro-me bem, amor

O agasalho em teus ombros

A porta do carro abri

Teus pés delicados e alvos

Tocaram o solo fértil

Num bailar tão sensual

Tu deslizou ao lado meu.

Tu..

Que outras vezes voltou

Convidando-se a dançar

Deixou-se assim... Levar

e...

Em tua cintura segurei

Em meus passos te embalei

Após dedilhar a canção

Após tuas delicadas mãos

Minha face, afagar

Eu despi-me... De tudo e nada

Toquei tua pele, teus lábios

E em teus beijos, meus lábios

Mergulharam sem pressa, assim

Como o vôo da Gaivota Azul

Sobre os mares, sob o sol

Mergulhou minh'alma em ti

Flutuando, levemente...

Nossos corpos doces, nus

Navegaram em tom de luar.

Tu... Que o mundo me deu

Tu... Que meu mundo, mudou

Tu...

Doces lábios, feiticeira

Voa bem alto de encontro

Ao abraço meu, por ti

Tu...

Que em minha porta bateu

Tu..

Que outras vezes voltou

Fez de mim pássaro ao vento

Atravessando o oceano

Enfrentando céus e glórias

Pra de amor despertar

Pra n'outra vida nascer

E em teu louvar, eu ficar!

Tu...

Que eu amo.. Tanto

Hera R. 01/02/2007

6 - Depois:

Sou um pássaro

que medo teve de voar

um pássaro perdido

pássaro azul apaixonado

triste, com dor..

os olhar distante

querendo tanto amar

o amor, o suor

querendo saltar

e no céu azul

com outro pássaro

estar!

Hera R. 19/01/2007.

7 - Poema amigo, ao amor:

Se a febre

é breve

no poema

da dor

d'amor

fica o carinho

pássaro ao ninho

da amizade

de verdade

do esplendor

que em ardor

clamou!

Se é febre

é no casebre

que se faz

em paz

mil rimas de amor

nova cor

nos ares

pelos bares

arco-íris

tua íris

na face

repasse

meu abraço

de aço

ao amigo

que comigo

ficou!

Febre e calor

fazem da flor

dias de sol

mar e farol

sombra e água

planeta água

planeta amigo

que consigo

caminhou!

... E o amigo

sempre comigo

no abraço

que em teu traço

revelou!

... E o amigo

ora abrigo

ora descanso

no mar remanso

ora presente

sempre valente

me abraçou!

... E o amigo

traz-me o trigo

e na emoção

reparte o pão

pois foi comigo

que riu e chorou!

... E o amigo

sempre comigo

deu-me a verdade

pois a amizade

é o mais belo amor

andorinha, beija-flor

que em teu braço

em teu abraço

Repousou!

Hera R. 14/01/2007!

8 - Há tempos:

há tempos o som

vem na voz dizer

vem no tom cantar

tua tristeza

sob a imperfeição

e tuas mãos gritam

como as minhas

no agora que implora

pelo teu olhar...

há tempos o sol

escondido, acuado

tenta nos mostrar

que é paz na sensação

e se é dor que sente

deixa a gente amar

mais uma vez

deixa a gente viver

porque viver

é o meu altar..

há tempos um Deus

vem de longe observar

que há verdade

no paraíso

que há história

na lente

no espaço

no ar.

há tempos

já nem sei viver

já nem sei chorar

já nem sei de mim..

há tempos

já nem há

tanto tempo..

..assim!

Hera R. 31/12/2006

9 - Presente e Grão:

A vida me deu de presente

essa dor, essa esquina

contando passos na rua

sou fogo, sou água,

sou pó e sou chão

vem o vento madrugar

meus olhos tristes

em ebulição

amor, não te direi

das estrelas de terra

das rosas vermelhas

do sol de verão

não vou dizer por ai

a qualquer hora

histórias vividas

e sonhos em vão

pois a vida veio

e me deu de presente

a dor, a esquina,

o pó e o grão!

Amor, amor, amor,

entenda meus olhos

são teus...

e são minhas

as tuas mãos!

Hera R. 31/12/2006

10 - Pulso:

Pulsar.

Pulsa, o pulso

no alto som

pulsa o olhar

quase um dom

este pulsar

pulsa avulso

a dor, o respirar

como é bom

num impulso

este palpitar!

Se a morte pulsa:

- a alma pulsa

- a vida pulsa

- a boca pulsa

- a mão também pulsa

ao poema, dedilhar!

Hera R. 16/12/2006

11 - Etérea:

Etérea alma

na força de luz

no barco

que o tempo levou

tão longe as águas

tão fiel oceano

e o mar

maior que eu

maior que tu

etérea alma

que te prendes

a beira do cais

mas só queres

voar ao léu

etérea alma

das forças

de paz

te rompes

do cordão de prata

pra te abrigar

junto ao céu!

Hera R. 26/12/2006

12 - Quimeras:

mais do encanto

que quimeras

hão de viver

doce pranto

tu quiseras

fenecer

crava a lua

céu de verão

se anuncia

vazia a rua

que a paixão

invadia

boca vazia

na imensidão

pele nua

beijo sacia

na explosão

na ira tua

me querer

hoje sincera

sabe-se tanto

é tanto querer

quem me dera viver, quem me dera

num estanco!

Mais do encanto

quem me dera

em tempo viver

sem agonia

ser a canção...

estrela e lua!

Hera R. 26/12/2006

13 - Voa:

Pássaro...

saindo da fria gaiola

corre, para ver o mar

às embarcações, as flores

ver outros pássaros a voar!

Então...

o céu azulado canta

as nuvens de algodão flutuam

os ventos refrescam o dia

a tarde amena faz-se na cor

não é arco-íris, ainda..

mas, breve a chuva o trará!

Quem sabe...

quando as almas voarem

quando a relva respirar

quando o sol se pôr...

outros pássaros

hão de chegar!

Quem sabe..

Hera R. 15/12/2006

14 - [Rae, May]

Páginas, livro em branco...

O pássaro há de escrever

Mesmo que num estanco

Se permita adormecer

Um doce carinho franco

Há de lhe devolver

O grito e o solavanco

Das asas a nos envolver

Voa do cais para o banco

Pra no amor renascer!

15 - [Lith do Riacho]

Lith.. Do Riacho

Das águas azuis

Das flores anil

E gotas de orvalho

Nos raios de sol!

Lith.. Do Riacho

Água, que deságua

Em re-construção

No solo fértil

Lá de cima do rio

Ao rio abaixo!

Lith.. Do Riacho

Percorrendo o céu

Descobrindo a margem

Invadindo em som

Melodia em saudação

Ao pôr-do-sol!

16 - [Lith 2]

Linda tu és, doce flor

Intensa na breve melodia

Tarde terna em teu favor

Hoje por ti, se faz magia!

Desce às margens, esplendor

Ouvindo a paz que te alivia!

Rente ao céu o teu calor

Invade a noite e o dia

Alma branda se faz fervor

Contando estrelas alegria

Hoje a vida te traz amor

Ondas do mar em calmaria!

Hera R. 14/12/06

17 - [Marli]

Sorriso de lua

Nos olhos de flor

Passeando na rua

Um dia, o amor

Bate a porta, tua

Quando o sol, se pôr

Tua alma, toda nua

Despida na lágrima dor

Abraça e se acentua

Uma história de amor!

18 - [...]

Já foi a madrugada

Vem o dia a nascer

Breve a passarada

Traz teu bem querer

Coração em disparada

Faz-te enlouquecer

Como em contos de fada

Tem magia e o viver

Tua doce chegada

Fez a vida engrandecer

Na flor que semeada

Amizade fez colher!

19 - [Sensitive]

Sen..

Sensível..

Incrível..

Amável..

Mulher adorável

Do sorriso em bom dia!

Alma azul em melodia!

Bom te ver

Bom te saber

Cantando..

Dançando..

Amando..

..A vida em alegria!

20 - [Lis Fontes]

Flor de lis*, azul, lilás..

Sentada, a beira do cais..

Que os pássaros, amarelos..

Cantem por ti, singelos!

Hera R. 14/12/06

21 - Pela vida:

a vida engole a vida

água torrente, fria

descendo a serra

a vida engole a gente

deixa-nos dormente

sorte

é se lançar ao ar

ir além, acreditar

imenso, o azul do mar

ondas, ventos, água

os pássaros em repouso

não cessa a chuva

e lá fora venta

a palmeira balança

o bem-te-vi reclama

e a vida...

a vida engole a vida!

Hera R. 13 de Dezembro de 2006!

22 - Atlântico:

se é manhã..

por que o sol não nasce

por detrás das montanhas

nas muralhas do atlântico

por que não cantam alegres

os pássaros na aroeira

por que não fazem brilhar

as flores da primavera

se é manhã..

por que não desperto pra luz

na alegria de um bom dia

no azul cristal de um novo céu

na maresia da onda perfeita

na terna areia fina da praia

no beijo doce da criança

se é manhã..

se é manhã..

se é manhã..

cadê o sol, cadê?

Hera R. 14/12/2006

23 -Febre:

Queima pele clara

Febre

Olhos rasos d'água

Coração malvado

Bate descompassado

Os pássaros voam

As borboletas pousam

O mar baila na areia

Pés descalços

pôr-do-sol

E a febre arde...

A face

A pele

A boca

A mão

Arde o sol de verão

Arde o lençol

Os olhos cerram

As borboletas pousam

As flores pulsam

O céu abre espaço

Às estrelas

E a febre arde

A alma

A dor

O ardor da canção

E a pele arde

Outra pele invade

Na voz da paixão!

Hera R. 09/12/2006

24 - Eterna Primavera:

Nunca se acaba a doce e tenra primavera,

por mais que seja frio e forte o inverno,

por mais que o verão castigue em calor,

por mais que outono lance as folhas ao chão..

Sempre haverão flores a colorir,

perfumes a embriagar,

pétalas a encantar,

saudades a recordar,

Nunca se acaba a primavera,

independente das estações,

flores trazem vida e glória,

fazem sonhar na esperança,

seja no jardim ou no simples vaso

a beira da janela em frente ao oceano!

Flores vibram como os pássaros no céu,

flores vivem em solo fértil em melodia,

flores fazem-nos viver na alegria,

flores sentem as águas na raiz firme,

flores alimentam o beija-flor azul,

flores são o repouso das borboletas!

E não importa se o Sol está presente

E não importa se hoje não tem luar

Sempre haverá o brilho incansável

Da doce e Eterna Primavera a florir!

Hera R. 30/11/2006

25 - Em céu:

Não voa o pássaro

suas asas estão

molhadas da chuva

pesadas, feridas

não voa o pássaro

pássaro azul

no infinito

fecha os olhos

tenta ver o sol

atrás das nuvens

Hera R. 27/11/2006

26 - Risca-se o papel:

O coração

risca o papel

em branco

e deixa

nas linhas

uma poesia

uma flor

uma luz

melodia

de amor!

Hera R. 21/11/2006

37 - Se:

Como é possível..?

Eu, por vezes

Pergunto-me:

Como é possível?

Como é possível tamanha cumplicidade,

ternura,

loucura,

paixão!

Então...

permitimo-nos,

entregamo-nos,

deixamo-nos,

delirar...

na delicia da tua sede,

na loucura da minha saudade,

eu sinto teus olhos,

eu vejo teu rosto,

eu ouço tua respiração,

eu mergulho

nos teus suspiros

e faço amor

em contemplação!

Tua pele minha,

minha pele tua,

envoltas

no oceano da saudade

e paixão!

Querendo-te

e te amando

de alma,

corpo e

coração!

Enfim!

Hera R. 19/11/2006

28 - Céu leve:

Num céu leve e brilhante

o pássaro azul alça vôo

é manhã, doce manhã de fé

um ponto amarelo se faz forte

ensolarado o dia ameno

Num céu leve e brilhante

o pássaro azul bate asas

respira fundo na glória

de ter o vento sobre a face

enche os pulmões juvenis

e sente a brisa suave

abandonando-se ao longo

do oceano terno e fiel

Num céu leve e brilhante

o pássaro azul mergulha

sente os olhos fascinados

pela paisagem à volta

e suspira tranqüilo

indo ao repouso na árvore

que lhe abriga em sombra fresca!

Hera R. 16/11/2006

29 - AMO AS PALAVRAS:

Folha em branco, macia... Que eu AMO

Tinta negra, pena leve, rabisque-AS

Faz-se o poema, no trovão em PALAVRAS

Hera R. 16/11/2006

30 - Tornado:

Sou um tornado africano!

Sou a relva,

sou o Sol,

sou a tempestade,

sou a calmaria!

Mas,

também sou um pássaro,

posso ser o arco-íris

nas tardes de verão,

posso ser o mar

que se envolve

nas macias areias

que desperta

a imensidão!

Também sou pássaro,

um pássaro azul

sobre o aveludado

tapete as águas!

Hera R. (13/11/2006)

31 - Após o bar:

Vou caminhando

Sapatos nas mãos

Cabelos esvoaçados

Olhar sonolento

Vejo a Lua despertar

Imagem de contemplação

Caminhando sem pressa

Apreciando as estrelas

Sentindo a noite

Envolver-me no perfume

Fecho meus olhos

Respiro fundo

E deixo-me levar

A noite é mãe

É dona do meu ser

A noite é magia

E, após o bar

Após o vinho

Após a dança

Após o olhar

Quero apenas

O abraço envolto

A minha face d'amor

Apenas!

Hera R. (13/11/2006)

32 - Palavras:

Já não sei de palavras

se as mesmas me fogem

já não sei de música

se a mesma se afaga

já não sei do vento

se o mesmo é forte

já não sei do viver

se vivo apenas por ti!

Hera R. 12/11/2006

33 - Sou:

Sou um pássaro...

Asas machucadas,

olhar em solidão...

Sou um pássaro...

querendo voar

em campo aberto,

sentindo o perfume

do oceano,

sentindo as gotas

do sol

derramar-se

em minha face

Sou um pássaro

com as penas úmidas,

pesadas...

querendo saltar

da montanha,

observando

o colorido

das flores,

conhecendo

novos ares,

mergulhando

no ar

com imensidão

Sou um pássaro

que perdeu

a rota de vôo

e agora,

já nem sabe

se encontrar...

Sou um pássaro,

na manhã

cinzenta,

querendo

atravessar

as nuvens,

para descobrir

o sol!

Sou um pássaro

que tenta

sentir na pele

o dia,

mas,

que teme

a madrugada!

Hera R. 11/11/2006

34 - Aurora:

Então hoje...

O céu chora

Já não há mais azul

Um céu sem demora

Ledo engano, a dor

De mim, vai embora!

Noite sem fim, leve

madrugada, traz Aurora!

Hera R. 10/11/2006

35 - Réu:

E se fazem tristes os olhos

Quando a dor invade a alma

Tecendo na veia a lembrança

É tão azul este céu do amanhã

E o agora se faz forte e fiel!

E se fazem tristes os lábios

Quando a vontade é gritar

Tecendo na voz, reencontro

É tão sozinha a melodia, minha!

E o agora me vem a face imóvel

A chama...

Suplício de quem ama!

Em tua morada, sou réu... Deste amor!

Hera R , 21/10/2007

36 - O primeiro poema:

No vasto mundo

de um mundo insano

me atropelo

me perco

me embriago

me acho

neste mundo insano

onde eu não me engano

mas me desafio

a acreditá-lo!

Hera Ravenna, 28/09/2006

(Por Léa Ferro)

Léa Ferro
Enviado por Léa Ferro em 07/07/2008
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T1068938
Classificação de conteúdo: seguro
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