Livros rasgados
Ontem rasguei todos meus livros!
Fiz uma grande fogueira
e dancei para comemorar.
Embebedei-me de indignação.
Rasguei todo conhecimento;
ateei fogo em meus pensamentos.
Picho nas paredes de minha alma
as dores do saber.
Não quero mais saber
a ignorância me satisfaz;
as pirâmides construídas
com suor humano,
lembra bem os dias de hoje.
Qual cavalo não agüenta mais o açoite?
Carregando pedras
para seu proprietário,
morre feliz, com o dever comprido.
Quero quebrar as pernas
do contemporâneo
sem me lamentar depois.
O conhecimento vivo nos vivos,
que trás a tolerância para comandar
aos ouvidos atentos
que sempre tem o herói para idolatrar;
tanto faz o time de futebol vencedor
ou o político que ganhou a eleição,
o que importa é o que a mídia
vai lhe enfiar goela abaixo amanhã
para que continues alienado e dopado,
com os vidros transparentes da televisão;
fulminando o conhecimento de coisa nenhuma.