Madrugada sangrenta

Se todo aquele pó que a corroe a fizesse crêr que existe algo bem maior que ela sempre ali presente ao seu redor, talvez as suas lagrimas deixariam de ser egoistas, dolorosas e repentinas.

Ela ora ! ela ora a espera de que algum Deus possa ouvir suas preces! seu pedido de salvação!

ela se corta! ela se corta para tornar o corte da ausencia que o amor

lhe fez menor que o seu abismo jorrador de veneno e podridão.

Tanto tempo esperando por uma liberdade real e a única merda que ela encontra é só um momento de meditação ilusória com drogas e amigos fieis que a enche de inveja por se mostrarem tão livres, talvez não felizes, mas gozando de sua liberdade.

Tudo o que ela sempre sonhou.

Ela ve seu passado em seu futuro e a morte em seu presente, ela tem medo de abrir os olhos mas até os fechando a escuridão a persegue.

E agora num quarto com meia luz, fechado, sentada com seus demonios no canto, sentindo um aroma de café do seu incenso, deixando seu chá esfriar, tremendo com o frio da madrugada, enquanto uma inspiradora musica toca em seu rádio, ela se desliga de onde se encontra, ela se perde e se perdoa, ela tranca em seu seu silêncio, apunhala sua dor, vomita...

e chora....e chora....ela só..

chora.

" E junto ao esvaecer do sangue que jorra de meus labios se vão os meus sonhos e o meu coração despedaçado."

Clara Brito