THE WHITE RIVER
THE WHITE RIVER
A imensidão sobre as nuvens me encanta:
encanta
ao me fazer crer na existência.
Existência da sua face. Face em forma de linear centelha.
Centelha intangivelmente a percorrer a infinitude de seu corpo.
Corpo que chamam de céu azul. Como o azul da Poesia das mais suaves Flores,
Nomes,
Doces amores nascidos da fátua pedra amarga dos meus fiéis, eternos
Votos-de-Eunuco]
Não, mas não é esse o motivo
de eu olhar pra ele, o céu.
Olhá-lo fixamente.
Na verdade, quando assim o faço,
é porque me brota uma esperança
de que subitamente possa vê-la.
Ver aquela suposta faísca invisível,
que deitadamente reta,
dizem, o seu próprio corpo atravessa.
Sim, vejo-a então.
Fico á procura
de um caderno e uma caneta
para fotografar no papel
a imagem. A imagem de sua essência!
E, ao fazê-lo, eu descubro. Descubro o verdadeiro nome.
O nome da centelha. Seu nome é horizonte:
linha tênue que tacitamente rasga o ar, as estrelas, o próprio céu...
sem, tampouco, ainda que levemente, o tocar.
Porque esse tanger
não se porta como o tanger tátil.
Não é o tanger tátil ou o corporal.
Ele não possibilita o sentir da massa a preencher a mão, o corpo.
Não, ele não faz com que sintamos a sua pressão...
Não nos obriga a ceder espaço a ele.
Não, o tanger do qual eu falo, não age assim. O tanger do qual eu falo, quer transmitir uma mensagem, quase em extinção, ao mundo. Uma mensagem de esperança áqueles socialmente moribundos. Que sigam.
Sigam a trilha da universalização do amor. Do amor, hoje em dia, muito
[Muito
em falta... em falta nesta Selva de Pedra. Neste sol nascer quadrado, onde, jaz, a cada dia mais definhante, a senhora da igualdade de direitos... das chances.
Da Liberdade!
Do ir e vir interminável!
Desse modo, sigo:
persigo, com a caneta,
depois, com o lápis, esta linha.
Assim como quando estamos a correr atrás duma arraia furtiva.
Como quando nós nos encontramos na idade da picula,
Da estripulia]
Como quando, sofregamente, corremos atrás de uma garota tirada:
tirada á burguesa menina.
Como quando entramos errônea e pressurosamente
numa congosta escondida.
Como quando, inexplicavelmente, corremos á caça de uma pessoa
com a qual nunca topamos.
Sim, como quando corremos atrás do infinito horizonte para lográ-lo,
[Para dele
perto chegar. Não... realmente sem o podermos jamais.
Porém,
a imagem. A sua essência!
Capto-o em tudo.
Em toda a sua extensão eu o capto...
Usando somente o quê?
A percepção.
Com efeito, ela mesma.
Sim, ela: a se materializar na ponta de minha caneta.
Então apreendo a luz:
apreendo a face: apreendo a linha!
Apreendo, enfim, o horizonte de mim acima:
Esse ignoto caminho sempre a perseguir.
Essa fonte de incertezas, á qual só a certeza da sequidão sabe o que está por vir.
Esse magma que arde, persegue e queima, me dizendo: prossiga. Ajude os outros a prosseguir!
Este horizonte
é a centelha. É a luz da esperança.
É uma força ígnea.
É mais uma supernova. É aurora chegando para anunciar o
começo duma nova manhã. Um novo dia
A certeza do refrigerante e contínuo renascer da vida!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA