NOTURNO DA MENTE ATROZ

Uma sala abandonada e uma cortina ensangüentada

Poucas cores, uma sombra no chão, uma visão maltratada

O horror profundo apareceu em minha mente

Um noturno nas sobras, ele me parecia contente

Ele rapidamente se esconde, parece querer brincar

Seus murmuros, são baixos, difíceis de escutar

A escuridão piora e vem me apavorar

Agora, um sossego fúnebre, um eco do silêncio

Na alma em imenso ardor, medo, repudio

Um sentimento anormal, e mais, sem igual

Meu coração dispara covardia por esse mistério

Cada segundo vejo o quanto mais é sério

Sua sobra, novamente vejo, quero perscrutar

Mas este local sombrio, só me faz arrepiar.

A coragem não vem, mas eu abro a porta

Vejo um rastro de vulto mexendo lá fora

Um riso sinistro, medonho e a ecoar

Eu faço de um tudo para não me intimidar

Ele aparece como a sombra, seu rosto não está a mostra

Fico parado pensando o que devo fazer

Espero uma luz e o fim com o amanhecer

Para que este mistério eu possa entender

A figura sombria continua ali, estático, na minha frente

Em minha vida, o momento mais mudo e calado e soturno

Eu me escondia em pensamentos diurnos

Canto de pássaros, lindas flores e um grande campo

Acaba-se todo esse encanto quando as chamas clareiam o rosto

Vejo um homem, é um pesadelo, terrível e asqueroso

Surpreso fiquei com a escuridão em sua alma

Eu perdia cada pequeno sentimento que tinha calma

Um grito começa querer sair, não tenho tempo

Meu pescoço está sendo incapacitado de suas ações

Minha goela espremida pelas mãos das sombras

Não são mais sombras, posso vê-lo, mas não detê-lo

Resta-me poucos instantes para fim de minhas energias

São poucos movimentos que por mim podem ser feitos

Com todo meu esforço, com minha perna golpeei

Sem resultados, com pouca esperança novamente tentei

Agora sim. Com mais força, não sei, mas me libertei

Corri com uma velocidade que nunca tive antes

Ainda sorri com uma felicidade angustiante

Então eu vi, o sangue espalhado por toda parte

A cortina rasgada, pressupus que fosse meu destino

Eu corria e continuava com aquele sorriso

Aquela alma maldita continuava me seguindo

Meu coração saltava, mas não estava sentindo

Quase cai, um corpo no caminho eu tropecei

Não acreditava, havia um corpo no meio do caminho!

Podia ser uma pedra, um sapato, mas era um morto!

Eu quase escorreguei, pois seu sangue estava espalhado

Eu quase vomitei o cheiro estava insuportável

É pavoroso, sim eu sei, é totalmente desagradável

O pior é a risada sinistra, que dele ecoava

Curtindo vendo toda minha desgraça

Uma faca avistei em cima de uma mesa

Coberta de sangue, mas eu tinha certeza

Esta é minha única chance de sobreviver

Eu, mais do que nunca, terei um crime cometer

O assombroso noturno percebeu minha idéia

Por um breve momento sua cara era séria

Foi ali que puxou uma imensa corda

Avermelhada, provavelmente ensangüentada

Minhas esperanças estavam terminando

E mata-lo? A covardia considerando

Ele armado com cordas me alcançando

O tempo encerrando, minha vida estava acabando

A faca da minha mão se projetou

Tiro certeiro, foi por muito pouco

Mas ele atordôo-se a faca tirou,

Pra mim olhou e começou a correr e caiu

Tropeçou no corpo que ele mesmo matou

A faca em seu coração se enfiou

Acabaste morto pelo corpo que matou

Sinto-me mal, desmaio e descanso

A luz vem e um terrível espanto

Vejo um corpo, o meu corpo, fico aos prantos.

Felipe Mesquita Duarte
Enviado por Felipe Mesquita Duarte em 30/05/2008
Reeditado em 02/07/2008
Código do texto: T1012247
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