Noite
Imagens, pessoas, carros,
Ruídos e poeiras exalam da terra (triste Terra).
Aonde vai dar a noite, que fim teve o dia?
Acordado eu sonho quimeras;
Sonho distante, além das Eras,
De doces tardes, a noite espera.
Vejo jardins intocáveis, vejo a lua entardecida;
Céu e mar se encontram formando assim a tarde, sem ter o amanhã.
O frio chega e encobre as almas quentes;
Almas que pensam, coração que sente,
Das cachoeiras imaginárias ouço o som intermitente.
A névoa negra invade a mente (de repente).
Dali surgiam os desejos submersos que nunca estavam lá;
Estavam no pensamento do tolo, pobre tolo,
Não sabes que este sentimento é tão somente esterilidade?
Um amor impossível, uma paixão em vão...
Longe, ainda longe da felicidade.
Por que choras, choras porquê coração parvo?
Se um sol ainda existe, esperança também terá;
Pois se o mesmo vir a se extinguir
Outro sol galáxias afora encontrará.
Se não encontrar, terás a noite como conforto,
Grande manto lhe acariciando.
Assim, me sentirei aliviado,
Repousado de ter carregado
Com imenso afã o pesado fardo
Terei eu um dia felicidade?
Neste sonho, que parece não ter mais fim.
Quero eu voltar pra cidade
Onde a solidão dirá a mim:
- Venha amigo, com saudades lhe espero,
Pois a noite vem, e é assim que te quero.
- Não! Direito não tens de me sobrepujar,
Quero estar livre, solto para amar,
Eu com a noite, e a noite com seu luar.
Desperto assombrado ao devaneio,
Sinto-me breve, penso em você
E só tenho a noite a me querer.
No seu rosto eu penso, novamente adormeço
Querendo você, um dia ainda enlouqueço...
FIM
Duda Ramos Macae