Devaneios

Serei eu um pedaço de nuvem

Flutuando pelo céu?

Ou uma estrela nos tetos da Via Láctea

Ou o canto de um deus decadente?

Talvez a folha amarela que é levada

Pelos ventos outonais

Ou uma simples flor, assim, sem jardim.

Sei que sobrevôo as ondas de um enorme espelho,

Que é onde me vejo.

E seguindo o Sol viajeiro

Quem sabe eu chegue a algum lugar.

E que, apesar de minha ignorância,

Eu saiba aprender as lições da vida

Pois que tudo o que sei não dá conta de mim

E o pouco que sei não serve de nada a ninguém

Se não for quente.

Calor é o que sou. E frio também.

Em contato com uma força muito maior.

Em silêncio... É como a nuvem navega.

Talvez eu seja como uma nuvem!

E seja uma nuvem pensante que

Passa ouvindo rock’n roll

Fotografando o crepúsculo ingenuamente.

Ou seja só um coração em plena sístole,

Banhado a vermelho vivo

De tudo o que já passou num peito sem juízo

Pois que no peito não há juízo,

Encarcerado pelas limitações

do meu cérebro de pilha

Recarregável numa porção de doce.

Agridoce. Mais agri do que doce.

Paraíso de açúcar numa nuvem pensante...

Seria eu um algodão doce?

Talvez.

Seria aquele algodão colorido

Que diverte as crianças por minutos gulosos.

E me deixaria ser devorada por elas,

Que seriam as razões de meu esplendor

Enquanto cor em meu corpo cristalino.

As crianças sabem tocar as nuvens.

Elas não estranham um contato nebuloso...

Colorida ou de algodão,

Agridoce ou não, sou nuvem

há alguns milhares de anos...

Navego junto às águias por diversas direções

Sem saber para onde vão...

Mas sigo um sentido e por ele vou até o ponto

em que me liberto de mim mesma...

E retorno ao lugar de onde vim.

E vivo assim...

neste ciclo.

Dafne Helena
Enviado por Dafne Helena em 23/05/2008
Código do texto: T1002354