Para sua foto.

Carrego-te comigo, estampada em um cromo colorido

Devidamente protegida, resguardada, de todo o mal isolada e segura.

Dentre meus pertences, és meu vício

O que me é mais caro, valioso, preferido.

Momentâneamente, lhe privo de seu esconderijo

Pois quero decifrá-la, compreendê-la, preciso...

É noite e faz frio, através da fumaça de um cigarro te miro

Meu coração se aquece e meus lábios esboçam um sorriso.

Na foto estás séria e observa, impávida, a agonia latente em meu rosto.

E tal seriedade, por ser eterna, me faz muito triste...

És a alegria viva, personificação da própria felicidade...

Eu sei bem disso, e é por saber, que tal agonia existe.

De repente seu sorriso fácil, grande e puro,

abre-se em minhas lembranças, vivídamente.

Como um sol, ilumina, me arrebata o pensamento...

Adormece-me os sentidos, dopante, me euforiza...

Como o são, que há instantes, encontrava-se doente.

Aliviado retorno-a intacta, enfim, à tua morada.

E ao meu bolso, ainda que teu posto seja ao lado esquerdo e mais acima...

Mas não importa aonde repousas, tampouco altera sua sina...

eterna lembrança amada... que é estar comigo e ser só minha.

Teu sorriso nunca, nunca me abandona

Como poderia, uma vez que mora em mim?

E toda essa seriedade expressa, cruelmente profissional, não mais me entristece...

Pois aqui estás, sol, e jamais deixarás de brilhar...

Enquanto meu sangue correr, enquanto eu respirar.

Só enquanto...

E enquanto...

Só.

L>K