Companheiro e cúmplice

Pobrezinho.

A essas horas nem deve mais se lembrar dos nossos compromissos,

das longas conversas que mantive

enquanto tentava uma nova desculpa pras falhas de sempre.

E isso tudo parece pouco pra qualquer um,

mas eu e ele sabemos o quanto fomos aliados em quase tudo,

mesmo quando eu - naqueles acessos de cólera - o culpei por coisas que não dependiam dele.

Mas isso também é passado.

E já era mesmo tempo de conhecer coisas novas.

Tenho a consciência tranqüila...

afinal, não o quis longe de mim, apenas não pude evitar essa ruptura.

Amanhã convém não repetir lembranças,

porque a fila anda e tudo será totalmente novo -

porque tudo sempre se renova.

E a vida continua apesar dos que ficam pelo caminho.

(Mas tem uma coisa: ele já não era apenas

um número - era realmente um importante

componente da minha história, era muito mais

que um simples telefone sem fio, muito mais

que um celular... era meu companheiro e cúmplice.

Maldita seja a mão que o furtou e maldito seja

o insensível que o levou de mim. Maldito seja!)

Buritizeiro, 14 de abril de 2008 - 22h48