Cadeira vazia Candy Saad
Cadeira vazia
Candy Saad
Na cadeira de balanço ele ficava,
observava tudo e poetizava
para as operárias que por ali passavam...
Lá no fundo um matuto tocava viola
e cantava cantigas tristes...
Na tardes frias aquecia as pernas com uma colcha de retalhos ...
Quantos retalhos de vida!
Quantas histórias a contar...
Do Líbano a Portugal...
De Portugal ao Brasil
Sentávamos no chão ao seu redor
e ouvíamos ...
Na varanda até pássaros ouviam as
histórias...
Único momento em que tantas crianças
juntas se calavam...
Meus olhos brilhavam encantada...
Não via a hora das férias do colégio chegar
para na fazenda eu ficar.
Naquela varanda que tanto corri quando criança ,atrapalhando seus cochilos , as vezes mostrava uma varinha de marmelo
para me repreender por eu ser tão moleca,mas nunca usou...
Não conseguia subir em árvores para me pegar...
Naquele mesmo lugar ainda permanece a cadeira que ele sentava para nos observar...
Sentei um cadinho só para recordar...
Não chorei!
106 anos de vida durou meu avô...
Eu passei somente para matar a saudade do lugar.