Cadeira vazia Candy Saad

Cadeira vazia

Candy Saad

Na cadeira de balanço ele ficava,

observava tudo e poetizava

para as operárias que por ali passavam...

Lá no fundo um matuto tocava viola

e cantava cantigas tristes...

Na tardes frias aquecia as pernas com uma colcha de retalhos ...

Quantos retalhos de vida!

Quantas histórias a contar...

Do Líbano a Portugal...

De Portugal ao Brasil

Sentávamos no chão ao seu redor

e ouvíamos ...

Na varanda até pássaros ouviam as

histórias...

Único momento em que tantas crianças

juntas se calavam...

Meus olhos brilhavam encantada...

Não via a hora das férias do colégio chegar

para na fazenda eu ficar.

Naquela varanda que tanto corri quando criança ,atrapalhando seus cochilos , as vezes mostrava uma varinha de marmelo

para me repreender por eu ser tão moleca,mas nunca usou...

Não conseguia subir em árvores para me pegar...

Naquele mesmo lugar ainda permanece a cadeira que ele sentava para nos observar...

Sentei um cadinho só para recordar...

Não chorei!

106 anos de vida durou meu avô...

Eu passei somente para matar a saudade do lugar.

candy Saad
Enviado por candy Saad em 04/04/2008
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