O MITO - Neila Costa
O MITO
Ontem, tu foste canção,
A melodia imortal
Que habitou o interior
De um ditoso coração.
Ontem, tu foste o poema,
De perfeição divinal,
Que sem querer eu compus
Dedilhando a emoção.
Criei-te em rimas cadentes,
Que bailavam muito bem
Ao ritmo da paixão.
Hoje, tu és meu dilema,
O meu verso incompleto,
Meu eterno teorema.
És palavra quase morta,
Meu soneto obsoleto,
O mito que foi desfeito.
Tu és o espaço no tempo,
Que pra nada mais importa.