O LAGAR DO VINHO
Dançam leves bailados
onde o suor é o vinho
cachos negros e dourados
num espremer de mansinho.
Levado o engaço p’ra o lagar
e colocado em finas camadas
entre as esteiras a chorar
lembra lágrimas derramadas.
Acolchoado lençol brilhante
reveste o lagar inteiro
que num gotejar constante
parece sangue verdadeiro.
Enorme tronco de madeira
o bagaço aperta lentamente
e em camadas na esteira
chora o vinho docemente.
Corre o vinho para a dorna
num melodioso gorjear,
sobe o odor que o torna
divina bebida d’encantar.