A dança das memórias
Acorda, Pojuca, essa é a hora!
Não há saída senão a guerra,
Nas entranhas do nosso ser
No estreito do nosso universo.
Vejo
Entre as cinzas do tempo,
Nosso ressurgimento,
As danças de encanto,
Purificação e resgate.
Escuto
O grito que o mundo acordou,
A ladainha das mulheres velhas,
Herdeiros das nossas demandas.
Não é sonho, é real,
Sim,
Isso é real.
O resgate das nossas coisas,
Herdeiros da nossa identidade
Girando pelo mundo,
Nosso mundo,
O mundo girando ao nosso redor.
Vejo
Aquele velhinho sorrindo,
No desatino da feira,
Aquele louco sorrindo.
Beijo
As costas curvadas,
Os joelhos dobrados,
Cansado da luta.
Mestres dos nossos saberes,
Vim aqui outra vez pra escutar,
Mestres dos nossos saberes.
Não tenho mais medo, estou aqui.
Não tenho mais medo, estou aqui.
Aqui, Mãe Lindú
Aqui, Pai José
Acima do medo, coragem.
Trago a lembrança da terra queimada e a fumaça.
Ah! A Fumaça, a fumaça, Pojuca.
A benção Dona Odete.
A benção Seu Zé-Bebia.
Trabalho velado.
Preta véia, arria de novo.
Atiça o fogo nesta casa.