VELHO ENREDO
Aquele cheiro de terra molhada,
tua mão no meu cabelo,
branca blusa na pele queimada de sol...
Era janeiro e um ano recém iniciado,
deixava à frente tanta estrada,
iluminado salão convidando à dança...
As dúvidas, se existiam,
eram remotas como longínquos
clarões nos céus...
Naquela eternidade momentânea,
sobressaíamos no cenário da vida e
tudo parecia sem começo nem fim...
Num fim de tarde qualquer,
numa praia qualquer,
maciez de areia engolindo nossos pés...
E agora nossas vidas guardadas
em um velho
álbum de retratos...
Cenas de um enredo perdido,
folhetim guardado no sótão,
claras vozes vagando no espaço...
Nós dois, agora, linhas paralelas:
quem sabe o milagre do encontro
na curva do caminho?