Estrada da Vida

Por estradas estranhas na vida andei,

descalço, apoiado em pedaços vaguei,

mas, nunca, senti a ausência e vazio

da falta de alguém nos momentos de estio.

Vivi alegrias, situações incríveis,

inda, hoje, não posso entender o que foi,

embora, pudesse sentir alegria

puxando e aboiando um carro de boi.

Rastei a enxada, abrí muitas covas,

aonde joguei tantas sementes novas.

Não sei quantas delas o fruto colhi,

mas, a alegria do brotar eu vi.

Capinei o mato, com muito cuidado

pra não estragar a plantinha gerada,

antevendo, aí, a fartura e o brilho

duma bela e viçosa espiga de milho.

A fava e o feijão brotavam fartosos,

a terra era forte e o trato jeitoso;

no meio das leras a abob’ra floria,

enchia a panela, de noite e de dia.

No rio era o banho e a pesca certeira,

o bagre e a piaba lá na cachoeira;

no tempo de enchente meu pai socorria

aos transeuntes na enchente do rio.

Com corda e cavalo a todos transportava

Do lado de lá para o lado de cá

e, nós, assistindo aquela labuta;

só hoje, entendo o sentido da luta.

Como Deus é grande, só isso concluo.

Meu Pai foi tão grande e aí eu incluo

a minha certeza, que posso ajudar

à vida aqui, um pouco, melhorar.