A COR DA SAUDADE
A cor da saudade, em tela sutil,
Não se pinta em tons de um único matiz.
Às vezes, um azul de céu sem brilho,
Lembrança de um olhar que não se diz.
Outras vezes, um cinza de nevoeiro,
A névoa densa onde a alegria se escondeu.
Um ocre antigo, de um retrato antigo,
De um tempo ido que a memória prendeu.
Pode haver um verde desbotado,
De um campo vasto onde a canção silenciou.
Ou um branco pálido, quase apagado,
Da pureza de um toque que se findou.
Mas se a saudade for de amor profundo,
Talvez um vermelho tímido a colorir,
A brasa tênue de um afeto mudo,
A promessa de um reencontro a surgir.
Não há cor única para a falta sentida,
Ela se veste em tons da emoção vivida.
Um espectro de lembranças, dolorida ou querida,
A cor da saudade é a própria vida.
Amarilis Pazini Aires
15/04/2025