Ai, priminha loiradinha,
do sertão ao além-mar,
brincávamos de rainha
com coroa de jasmim-linha
no galho do pé-de-itar.
Eu subia por galho torto,
tu dizia: “vem me ajudar!”
Era o tempo ainda morto
onde o fado era conforto
e o futuro só brincar.
Mas depois veio a mudança,
e o teu corpo virou canção:
de fadinha da esperança
pra mulher de aliança
no buquê da frustração.
Hoje o trem bão da gota
passa e eu fico na estação —
tu, lindeza quase nórdica,
de valquíria melancólica
nem me dá mais atenção.
E eu, com viola calada,
na cidadezinha vou ficar.
Com saudade enrabichada,
e essa dor desmantelada
que nem pinga dá pra sarar.
Cê cresceu, virou poema,
mas de mim quis se afastar…
Teu xedô é flor do tema
que exala e já condena
quem ousou demais sonhar.
*Da dupla Dan & Gepeto!