INFÂNCIA ROUBADA

Infância roubada ao tempo

Cruel, sem piedade nem dó

Meu pesadelo desamparado

Medo a borrifar o campo.

Noitadas incertas, infinitas

Carência de pão para comer

Canções quebradas e curtas

Eram lombrigas imigrantes.

Brincadeiras sob o sol rasgado

Constantemente Corria livre

Braços abertos sem fantasias

Olhar inocente, menino alegre.

A gente jogava a bola de saco

Sobre sintética areia da praia

Fortes calemas inumeráveis

Sob nuvens, meu corpo seco.

Desenhei as mãos no chão

Perpendicular a meia lua

Realidade nítida em canção

Minha infância...

Minha poesia nua.

Na escola, sentava na lata

Nádegas sofriam de dor,

Dor de cotovelo que mata

Folha verde, caderno a valer

Páginas ósseas de tanto roer.

Uma infância roubada a noite

Um quarto e meio, dia de dor

Meu progenitor decidiu a sorte

Ficamos só; sem lar, sem amor.