2011
O amor chegou sem aviso,
ao fim dessas tardes quietas, de memória,
sem promessas, sem pompas.
Não trouxe trombetas,
nem tratados,
apenas fez-se ninho
aos meus olhos,
e transformou meu peito
num pássaro perplexo.
Selou sua missão e se foi.
Mas o tempo, tecelão teimoso,
não desfaz o que deixa:
o amor ainda canta
no crepitar da chama,
no tilintar da taça;
o tique-taque do relógio
persevera e pesa
o que já não se conta.