Doce revival
Relendo alguns textos, encobri pretextos,
calei meu desejo, mas continuei sozinho.
Era ali, entre tantas palavras, que eu me abrigava,
sob o calor da virtualidade constante,
demonstrada em cada instante
feito a flor para seu espinho.
Tive saudades de outros tempos,
quando a poesia escorria entre os dedos,
e aqueles antigos medos
simplesmente desapareciam.
Meus escritos a nada temiam.
A inspiração mais simplória
era descrita pela memória
em versos entrecortados.
Versos pobres, mas amados,
platitudes de um pobre poeta.
Viajei em poemas, desfiz-me da solidão,
adentrei em países distantes, por breves instantes,
descampando o meu vazio.
E agora, num presente sem maiores batalhas,
sem agrados, sem surpresas, envolto em tralhas,
na tranquila acomodação de quem vive,
relembro todo amor que tive,
e por tudo o que chorei,
agora sorrio.
Sem travos, sem crivo.
Nem calor
Nem frio.
Apenas vivo.
15/01/2020