Entrega Poética
Se há virtude em meu poema,
Soa como sonata de doçura,
Tão inspirada é minha pena
Que nem palavra procura.
Arde o peito de quem ama,
Desvairada em loucura,
Quanto mais se apega
Mais se perde na ternura.
Se há artifício no meu verso
Um traço fino que desmesura.
Na amplidão do meu universo
Finito, aonde a palavra se mistura.
Afaga o coração de quem ama,
Renovando com graça essa pintura.
Surge um matiz belo e suave,
Efeito cândido na noite escura.
Se há aquarela nessa entrega poética,
Revela-se no traço dessa moldura,
O verbo compõe toda a estética,
Não há espaços para amargura,
Ameiga no peito de quem ama,
Tácita intenção que prefigura
O sentimento mais puro,
Um movimento que perdura.