ENTRE O REAL E O INVENTADO
Perdi-me entre as linhas do que vivi,
e do que, em silêncio, sonhei.
Um eco distante me disse que fui,
mas será que fui ou imaginei?
Os dias me olham com olhos vazios,
como se rissem da minha ilusão.
Eu juro que toquei ventos macios,
mas talvez fosse apenas visão.
Criei memórias de tempos sem dono,
bordadas em luz e neblina.
Será que dançaram no mesmo outono,
ou foram apenas neblina fina?
Se a verdade se esconde em contos,
ou se os contos criaram meu ser,
não sei se sou feito de encontros
ou apenas de me esquecer.
Só sei que sofri e chorei
Em cada amor que eu inventei!
Tião Neiva